O tratamento psicológico da criança com problema emocional por Andréa Uchôa Biagi Guimarães

12/03/2012 Artigo publicado na Folha de Valinhos em 27/08/2011

A infância é considerada o período que vai do nascimento aos 12 anos, sendo marcada por muitas mudanças e transformações. Neste período, a criança desenvolve-se tanto física quanto psicologicamente, adquirindo as bases de sua personalidade. Os problemas emocionais podem aparecer nesta etapa de vida, sendo que os pais, familiares e educadores devem estar atentos aos sintomas apresentados pela criança.

Entre os sinais que a criança pode manifestar, tanto no âmbito social como escolar, estão o retraimento, agressividade, irritabilidade, impulsividade, baixo rendimento escolar, medo, tristeza e insegurança. Esses sintomas se forem recorrentes, persistentes e provocarem alterações e prejuízo na esfera familiar, social e escolar são fortes indícios de que a criança está com dificuldades emocionais.  Através destes comportamentos, a criança expressa seu sofrimento e sua dificuldade em
relação ao contexto em que vive e que os desencadeia.

Outro ponto a ser considerado como indício de problema psicológico é se até pouco tempo a criança vinha mantendo um comportamento ajustado ao ambiente social com bom rendimento escolar, e de repente modifica tanto suas atitudes como passa a ter desempenho acadêmico considerado ruim.

Atualmente, os problemas emocionais mais comuns na infância são:

Depressão: transtorno do humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança. Na maioria destas crianças a sintomatologia da depressão é atípica, aparece sob a forma de irritabilidade, agressividade, hiperatividade e rebeldia.

Ansiedade:o transtorno de ansiedade de separação é o mais comum. Para o seu diagnóstico, há necessidade de que a ansiedade diante da separação ou perspectiva de separação da figura de mais contato afetivo seja exagerada, que a criança apresente algum sofrimento significativo ou algum prejuízo social, escolar ou de outra área importante de sua vida.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH):síndrome neurobiológica caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade causando prejuízos a si mesmo e aos outros. Baixo desempenho escolar e dificuldade de relacionamento estão presentes.

Alteração de comportamento: padrões de conduta (ameaça, desobediência, mentira, agressividade) que podem prejudicar e intimidar as relações normais entre a criança e as pessoas que a rodeiam e tendem a piorar no decorrer do tempo.

Fobia: é comum a criança ter medo, mas geralmente se acalma na presença dos pais ou figuras de afeto.  Quando os temores são mais intensos são chamados de fobia. O medo de pequenos animais, injeção, fantasma e monstro, altura e ruídos, trova, escuridão e fogos de artifício são as fobias mais comuns na infância

Transtorno de excreção: inclui a enurese, eliminação de urina anormal para idade da criança, e a encoprese, evacuação repetida de fezes em locais inadequados (roupas ou chão), involuntária ou intencional. Ocasionam baixa auto-estima, isolamento social e conflitos.

A psicoterapia infantil, também conhecida como ludoterapia, é voltada para o atendimento psicológico da criança e orientação de seus pais.
 
No caso de problema de aprendizagem, baixo rendimento escolar e déficit de atenção é necessário que primeiro a criança faça uma avaliação neuropsicológica com objetivo de se avaliar suas funções cognitivas para depois se considerar a necessidade de realizar psicoterapia.

Ao ser encaminhada para psicoterapia infantil, a criança é acolhida e ouvida, tendo a oportunidade de expressar seu universo privado. Neste processo, o psicólogo utiliza estratégicas lúdicas como jogos, brincadeiras, desenhos, colagem, pintura, argila, histórias para se comunicar com a criança, investigar e identificar quais os problemas psicológicos a impedem de se desenvolver de maneira saudável para depois ajudá-la a superar suas dificuldades.

Na psicoterapia infantil, é fundamental o envolvimento dos pais no processo terapêutico da criança através de sessões de orientação.  Em tais encontros, os pais passam a entender o que ocorre no contexto familiar e o que poderia estar gerando ou mantendo o problema da criança bem como aprendem formas alternativas de ajudar o filho.
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